Tipo SST 5 - Secagem de Transformador Realizada por Furnas
Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica .:


 


Tratamento e Secagem de Parte Ativa de Transformadores Energizados .:


Luiz Fernando de Amorim Cintra Vidal (1)
Sérgio Roberto Claro Mendes (2)
Resumo

Este trabalho tem como objetivo mostrar e comparar os diversos processos de secagem da parte ativa de transformadores utilizados no Departamento de Produção Rio - DRR.O, de Furnas Centrais Elétricas SA.

A crescente preocupação com a confiabilidade dos transformadores de potência do sistema de Furnas, principalmente com a nova regulamentação do setor elétrico Brasileiro, em que se penaliza as paralisações para manutenção dos equipamentos, levou a Divisão de Manutenção Eletromecânica Rio a desenvolver e implantar novas tecnologias de monitoramento, controle e acompanhamento das condições operativas dos transformadores.

Dentro desta concepção, buscou-se desenvolver uma metodologia para realizar a secagem com o transformador energizado, de forma segura e eficiente.

Analisaremos os tratamentos efetuados com o transformador desenergizado e as modernas técnicas de secagem com o equipamento energizado, mantendo a confiabilidade e a disponibilidade do sistema elétrico, a diminuição dos desligamentos e das manobra dos equipamentos das subestações, o aumento da economicidade e a redução dos custos e a minimização dos riscos de agressão ao meio ambiente.

Descreveremos as etapas de estudos de planejamento e desenvolvimento quanto a aplicabilidade dos processos, segurança, custos e resultados diretos e indiretos.

Com a adoção de uma metodologia moderna de manutenção foi possível obter uma redução de 87% dos homens-horas e de 100% no tempo de indisponibilidade para a manutenção de secagem dos transformadores.




(1) Luiz Fernando de Amorim Cintra Vidal – Engenheiro mecânico, formado em 1975 pela Universidade Católica de Petrópolis – UCP. Chefe da Divisão de Manutenção Eletromecânica do Departamento de Produção Rio de Furnas Centrais Elétricas SA.
(2) Sergio Roberto Claro Mendes – Engenheiro Eletricista, formado em 1983 pela Universidade Gama Filho – UGF. Engenheiro da Divisão de Manutenção Eletromecânica do Departamento de Produção Rio de Furnas Centrais Elétricas SA.




1- Histórico – A situação em 2000

Furnas Centrais Elétricas SA atua em uma área que envolve as Regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e o Distrito Federal, que concentra 67% da produção industrial brasileira, e onde vivem 50% da população brasileira, consumindo 66% da energia produzida no País.

Possuindo uma capacidade instalada de 9.290 MW, gerada em 10 usinas hidrelétricas e 2 termelétricas, seu sistema compreende 42 subestações com uma capacidade de transformação de 81.191 MVA, interligadas por 17.640 km de linhas de transmissão, nas tensões de 138 até 765 kV AC e 600 kV DC.

O Departamento de Produção Rio possui 68 transformadores com tensão maior de 138KV.

Ao longo da vida dos transformadores, existe a possibilidade de penetração de umidade no óleo que migra para o papel do enrolamento, reduzindo a rigidez dielétrica do óleo isolante e a tensão de ruptura do papel, acelerando seu envelhecimento térmico tendo como produto formação de água, reduzindo a capacidade dielétrica da isolação e por conseqüência, levando o equipamento a falha.

O controle da umidade da isolação sólida é fundamental para se minimizar a degradação da celulose, obtendo-se um significativo aumento da vida útil do transformador.

O acompanhamento periódico do teor de água ( ppm ) é fundamental para se determinar a necessidade de secagem da isolação.

A tabela a seguir mostra as recomendações para secagem de transformador, em operação, conforme o nível de tensão.

Nível de Tensão PPM do Óleo
£ 230 kV 40 ppm
> 230 kV 30 ppm




2 Processos de Secagem da Isolação

2.1 Transformador Desenergizado


O processo mais usual para secagem da isolação do transformador, devido a eficácia, é a utilização de ciclos de óleo quente – vácuo.

Esse processo consiste em aplicar vácuo menor ou igual a 1 Torr no transformador sem óleo por, no mínimo, 24 horas, colocar óleo a 55º C no transformador até cobrir a parte ativa e a isolação dos cabos e circular o óleo a 90ºC (saída do transformador), mantendo-o por 24 a 48 horas. Após esse período, retirar rapidamente o óleo a 90º C, injetando ar seco pela parte superior do transformador. ( Ver esquemático)

Devem ser aplicados tantos ciclos quanto necessários para a secagem do transformador.


Esquemático



2.1.1 Controle e Determinação do Processo de Secagem

No início de cada ciclo, antes do enchimento do transformador deve ser retirada amostra de óleo isolante para determinar o teor de água. Este valor deve estar na ordem de 10 ppm.

Procedimento idêntico é adotado durante a circulação de óleo, quando o óleo atinge a temperatura de 90º C e após 24 ou 48 horas de circulação.

Pela comparação desses dois últimos resultados de teor de água é verificada a eficiência do processo e determinado o seu término




2.1.2 Considerações


Para a realização do tratamento, é necessária a substituição do transformador a ser tratado pelo reserva, acarretando indisponibilidade do sistema elétrico, custos de pessoal e riscos para o equipamento.

Toda operação dos ciclos de óleo quente – vácuo é assistida por pessoal técnico envolvendo enorme quantidade de tarefas.


TAREFAS

1. Início
2. Instalação máquina secadora de ar ou garrafa de ar
3. Medição DEW POINT na secadora
4. Normalização máquina purificadora/resistor aquecimento
5. Instalação (bomba de vácuo)
6 . Amostra de óleo tanque principal
7. Retirada óleo tanque principal
8. Desmontar radiadores e flangear tanque principal
9. Retirada do óleo do LTC
10. Interligar LTC/tanque principal - inspeção/medição LTC
11. Cobrir autotransformador com lona (isolar termicamente)
12. Enchimento tanque principal
13. Circulação óleo quente (96 h) a 98oC (10 vezes o volume do transformador)
14. Dreno do tanque principal com alta vazão
15. Vácuo no mínimo 24 h (< 1 TORR)
16. Quebrar vácuo
17. Medição DEW POINT após 24 h
18. Vácuo no mínimo 24 h (<1 TORR)
19. Quebrar vácuo com ar seco
20. Medição DEW POINT após 24 h
21. Repouso óleo no tanque de armazenamento
22. Transferência óleo T1 -> T2
23. Transferência óleo T2 -> T1
24. Vácuo no mínimo 24 h <1 TORR - tanque principal
25. Enchimento tanque principal 55o/retirada amostra/óleo
26. Circular óleo tanque principal p/48 h a 90o/amostra óleo
27. Retirada amostra óleo saída tanque principal após 24 e 48 h
28. Retirar óleo tanque principal
29. Circular óleo no tanque T1 por 24h a 55oC
30. Vácuo no autotransformador por 24 h <1 TORR
31. Amostra óleo de T1 a 55oC
32. Quebrar vácuo com ar seco
33. Medir DEW POINT
34. Instalar radiadores e abrir válvulas
35. Vácuo de 6 h <1 TORR
36. Enchimento final tanque principal a 55oC
37. Retirada amostra óleo tanque principal




2.2 Transformador Energizado Utilizando Cartuchos Absorvedores


Os cartuchos absorvedores garantem que na saída da máquina a umidade do óleo seja menor que 10 ppm, não liberam água quando saturados, não interferem no acompanhamento de gases dissolvidos, não prejudicando o diagnóstico de defeitos incipientes por cromatografia, nem removem inibidores de oxidação porventura presentes no óleo.

Para que seja execução da secagem com o transformador energizado, foram analisados os seguintes aspectos:




2.2.1 Segurança
Os quatro cartuchos são trocados simultaneamente de forma segura e rápida.


Cartuchos filtrantes da máquina






O óleo é retirado pela parte inferior do transformador e retorna pelo tanque de expansão, numa vazão de 1130 l/h, garantindo baixa turbulência de óleo na parte ativa do equipamento evitando cargas estáticas e interferência na refrigeração do transformador.


A máquina é projetada para operação desassistida, as mangueiras são providas de solenoides em suas extremidades ligadas ao painel principal de controle. Caso ocorra perda de fluxo, por exemplo devido a vazamento nas mangueiras, a máquina é desligada e as solenoides interrompem o fluxo de óleo.



Vista Geral da Máquina



Conexão da mangueira com solenóide no Tanque de Expansão



Conexão da mangueira com solenóide parte inferior


A mangueira principal é envolvida por outra mangueira para que em caso de vazamento, o óleo seja coletado numa bandeja no fundo da máquina, atuando uma boia de nível, sinalizando a ocorrência e evitando um acidente ambiental.



Mangueiras principais envolvidas por mangueiras
espiraladas para coletar óleo em caso de vazamento



Entrada e Saída das mangueiras principais da máquina



Bandeja coletora de óleo e alarme de nível de óleo


A eliminação de bolhas de ar na circulação do óleo, é garantida pelos procedimentos de evacuação do ar da máquina e mangueiras pela bomba de vácuo conectada no sistema de filtragem.




Evacuação de bolhas de ar do sistema

 
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